terça-feira, 23 de junho de 2009

SE, SE VIER ACONTECER: SERÁ UMA CHATICE!!!

Holofotes – A Coluna de João Cardoso

Há uma propaganda deliberada, musculada e massificadora na TV pública com as inaugurações d’obras infraestruturais do país, sobretudo, de estradas. Parece-me que o único acto do Governo, há meses, ficou reduzido a inaugurações, com a encomendada e a ensurdecedora publicidades, à mistura
1. COSCUVILHAR. Somos, sobretudo, seres de ficção. Lembrei-me de um verbo viperinar. Viperinar é sinónimo de coscuvilhar, fofocar que é uma tendência natural e humana. Somos herdeiros da coscuvilhice malandra latino – cabo-verdiana. E, pergunto o que seria de nós jornalistas sem as pequenas histórias, sem os holofotes das observações, sem as conjecturas da censura prévia, sem as histórias privadas, sem o contar dos gaffes? Assim, é a mulher do vizinho a coscuvilhar d’outra na cabeleira da ponta da esquina da rua Panga-panga, em Achada Santo António. Assim, é o fulano a dizer que tais titulares de cargos políticos, da situação, têm amantes e que o tal marido duma personalidade pública está a palitá-la com a empregada. Ora, existem os viperinos por que o meio social do nosso bairro é pequeno, em que as pessoas estão muito próximas uma d’outras. Muitas vezes, não sabemos fazer a separação entre a esfera pública e a esfera privada das pessoas e, às vezes, invadimo-las com muita tontices.
2. A HISTÓRIA É OUTRA. Coscuvilha-se de que há sinais do regresso da censura prévia para dizer: “se, se vier acontecer: será uma chatice!” Também questiona-se de que existe, hoje, a manipulação quotidiana de que somos alvo pelo poder, e, como nos deixamos manipular ao ponto de certos órgãos de comunicação darem ao país uma imagem, profundamente, surrealista ou irreal embora, muito convenientemente, para que esse poder se afirmar, e, também como, se as eleições legislativas e presidências fossem, amanhã. Há uma propaganda deliberada, musculada e massificadora na TV pública com as inaugurações d’obras infraestruturais do país, sobretudo, de estradas. Parece-me que o único acto do Governo, há meses, ficou reduzido a inaugurações, com a encomendada e a ensurdecedora publicidades, à mistura. Pagas a peso douro (não será por isso que os contribuintes sustentam a televisão pública!); e ainda, mais com o castrador imposto de selo. Essas manipulações fazem-me lembrar do que Alain Woodrow dissera: “Nunca como até agora a imagem fez rimar informação com a manipulação, e, é um perigoso casamento”, in Informação Manipulada – 1991. SIM. Está-se a procurar, descaradamente, tentar enganar as opções de escolhas imediatas de milhares e milhares de desempregados das nossas cidades, vilas, achadas e ribeiras que clamam, aos deuses, por um emprego público. SIM. Está-se também a tentar enganar centenas e centenas de jovens universitários que estão sem quaisquer subsídios e motivações para continuarem os seus estudos. Perguntem aos nossos estudantes nas universidades de Cabo Verde, Portugal, Brasil, Senegal e Bolívia o que estão a passar? Uf. Uf e Uf. SIM. Está-se também a tentar tapar o sol com uma peneira para as famílias que não podem mais carregar o pesado fardo de tanto e tanto pagar, pagar os impostos na ordem, de quase, 60 por cento, daquilo que auferem, tão-somente para engordarem a barriga do Estado e as chorudas avenças para camaradas. Mas o povo está-se, SIM, a viver à MÍNGUA. O povo cabo-verdiano sabe sempre escolher e bem. E as suas opções são claras. A busca de satisfação das necessidades básicas, tais como: saneamento, saúde, energia e habitação. Senhores tenham muita calma que é “o povo quem mais ordena”, cantara Zeca Afonso. No momento certo saberá julgar se quer PAPO-SECO ou PAPO-SECO com manteiga. SIM. Hoje, o Governo de JMN transferiu toda a responsabilidade com a formação dos nossos filhos para as famílias.
PS: No jornalismo, nós devíamos ter sempre em conta que há limites. O limite é a dignidade das pessoas. Criam-se os radares, os zig-zag, talvez, pelo facto da criação de fait divers. Cabo Verde está a fervilhar de coscuvilhices. E, a qualidade do jornalismo cabo-verdiano é e será directamente proporcional ao grau de cumprimento das normas éticas e deontológicas da profissão. A qualidade comece, isso sim, na formação do jornalista e no modo como se processa o seu acesso à profissão.
João Cardoso - Jornalista

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