Quando o produtor (Electra), por exemplo, pede - e bem! - aos consumidores e às empresas, que racionalizem o uso de energia, adoptando medidas e usando equipamentos mais eficientes, deveria, ser o primeiro, a dar o exemplo, combatendo as perdas eléctricas, que parece ser um objectivo constantemente adiado
“Energy efficiency offers a powerful and cost-effective tool for achieving a sustainable energy future”, Agência Internacional de Energia.
Nos dias de hoje, o aumento da eficiência energética, a par da promoção das novas tecnologias energéticas, é, cada vez mais, um dos pilares onde se assenta qualquer política energética - garante de segurança económica e ambiental de qualquer país.
Governos, empresas e organismos internacionais têm-se multiplicado em vários tipos de iniciativas e medidas pelos quatro cantos do mundo, passando mensagens da necessidade urgente de utilização de processos e tecnologias mais eficientes e amigas do ambiente, colocando sempre a ênfase nas energias renováveis.
Define-se a eficiência energética como a implementação de estratégias e medidas para a optimização da produção e consumo de energia,melhor dizendo, “transformação e utilização de energia” visto que, “a energia não se produz nem se consome, mas sim transforma-se”. Trocando por miúdos, significa combater o desperdício de energia durante toda a sua cadeia: desde a sua transformação e, mais tarde, quando utilizada.
Ela é transversal e cruza vários domínios, nomeadamente os edifícios, os equipamentos, os transportes, a indústria e, sobretudo, o sector eléctrico que devido à sua importância económica, tem merecido um destaque e tratamento especiais.
Neste domínio, o conceito aplica-se desde o processo de transformação, nas centrais, passando pela distribuição nas linhas eléctricas e postos de transformação, e, finalmente, a utilização em residências, escritórios, indústrias, etc. Ou seja, a eficiência energética é da responsabilidade TANTO DO CONSUMIDOR COMO DO PRODUTOR.
A mim me parece que, em Cabo Verde, o produtor poderia ter feito muito mais.
Nos últimos tempos temos assistido a campanhas com o fito de alertar o consumidor para os seus deveres no que respeita à sua atitude em relação a utilização energia: ter comportamentos diários inteligentes, fazer uma selecção cuidadosa dos electrodomésticos, substituir as lâmpadas tradicionais pelas de baixo consumo, etc.
Muito bem! Estou plenamente de acordo!
Mas, pedir aos outros para fazerem, quando fazemos o contrário, torna-se ilegítimo.
Quando o produtor (Electra), por exemplo, pede - e bem! - aos consumidores e às empresas, que racionalizem o uso de energia, adoptando medidas e usando equipamentos mais eficientes, deveria, ser o primeiro, a dar o exemplo, combatendo as perdas eléctricas, que parece ser um objectivo constantemente adiado.
O relatório de contas da Electra relativo ao ano 2008 (www.electra.cv) refere que, as perdas de energia eléctrica, soma das perdas “técnicas” e “comerciais”, passaram de 25,2% no ano 2007 para 26,8% no ano 2008.
Julgo que é chegada a hora de pôr cobro a esta situação. Uma empresa que gere dificuldades de vária ordem não pode dar-se ao luxo de continuar a ter tais perdas. Tem que se começar a actuar, e já, nas duas frentes - recorrendo a soluções tecnológicas, como por exemplo, o sistema de venda a pré-pagamento, assim como no âmbito do Decreto-Lei nº 30/2008 que estabelece “normas para a prevenção, o controlo e o combate à fraude e/ou furto de energia eléctrica”.
O “roubo de energia” apesar de ser, hoje, um facto, não pode, constantemente, ser usado para tapar o sol com a peneira.
A nivel comercial, é também necessário proceder à cobrança atempada pois a empresa tem apresentado índice de cobrança e facturação muito baixo. Só as dívidas por parte dos clientes ascendem a dois milhões de contos, o que daria para cobrir o resultado negativo de 2008, que atingiu 1.090.845 mCVE
Ora pergunta-se: será que este saldo negativo não tem repercursões no desenvolvimento sustentado do país?
A situação actual da empresa é em grande parte da responsabilidade dos decisores políticos, por isso terão que ser eles a encontrar uma solução e tirar a empresa do buraco em que se encontra. Os dois maiores partidos têm que chegar de vez a um consenso em torno da Electra, matéria tão importante como a justiça ou o (des)emprego.
A Electra não é do partido A, nem do partido B, mas sim dos cabo-verdianos! Sendo assim, não podem continuar a usá-la como arma de arremesso político, mas sim arranjar-lhe uma boa parceira onde possa ir buscar know how e capital para investimentos de que tanto carece.
A empresa vive um período menos bom mas é possível recuperá-la. Pior é que esta situação tem pouco ou nada a ver com a capacidade técnica da empresa, considerada por muitos uma excelente “escola”.
Penso que hoje já ninguém duvida de que só haverá politica energética em CV depois de resolvida de vez “a questão Electra” e da empresa ser transformada no ELO MAIS FORTE do panorama energético.
Só assim poderemos almejar entrar na senda do novo paradigma energético que caminha, a passos largos, para uma revolução tecnológica assente nas novas tecnologias energéticas e nas “smart grids” (redes eléctricas inteligentes)
Pedindo de emprestado, digo: A ELECTRA TEM SOLUÇÃO!
Até breve!
Luis Teixeira - Eng. Mecânico - luisteixa@yahoo.com, China.
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