segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Pensamento do dia
Autor: Montesquieu
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Palmarejo Grande da IFH é acusado pela JpD de ser um empreendimento para elites
O vice-presidente da JpD, Carlos Monteiro, diz que ao praticar preços que vão de 2.300 a 2.800 contos por lote, mesmo que infraestruturados, a IFH coloca uma habitação muito acima da capacidade de pagamento e endividamento da maior parte dos cabo-verdianos. "Num país onde o rendimento per capita anual é de menos de 3.000 doláres, por maioria de razão os jovens estarão excluídos", conclui Carlos Monteiro.
Carlos Monteiro traz ainda à colação o imposto de selo para dar exemplos, "um jovem que tivesse emprego e que quisesse construir, entre o imposto de selo e outros teria de pagar 17.600$00 a 20.800$00 durante 30 anos", e isto só para o terreno. Mais, o jovem que queira construir na Urbanização de Palmarejo Grande teria que auferir um salário que estivesse dentro dos limites da taxa de esforço pedida por um banco, pontua a JpD.
Outro ponto que arrelia a JpD é o facto de em pouco tempo os terrenos colocados à venda já estarem quase todos vendidos. E Carlos Monteiro pergunta a que procura o IFH está a satisfazer, a dos especuladores imobiliários? Ou será a das poucas pessoas que têm um rendimento muito acima do rendimento médio cabo-verdiano? Porque, acredita Monteiro, o jovem cabo-verdiano médio está fora desse lote, com certeza “ Com este posicionamento a IFH, com o aval do governo, está claramente a trabalhar no sentido inverso da sua missão, que é a de regular o mercado de forma indirecta, e vem contribuindo para, sim, inflacionar ainda mais o já difícil mercado imobiliário, acusa a JpD.
Para finalizar Carlos Monteiro diz que a IFH, empresa do Estado, que deveria ser o instrumento do Governo para a promoção da oferta de habitações a baixo custo, actua noutro sentido e não tem nenhuma diferença em relação às imobiliárias privadas, que, aliás, vendem muito caro.
Instado a comparar o preço a que ficaria uma casa em Palmarejo Grande com o praticado no mercado pelas imobiliárias privadas, o vice-presidente da JpD reconhece que o preço praticado pelo IFH não é mais caro que o das imobiliárias privadas. Que o que se discute é que essas habitações podiam ser mais baratas tendo em conta que se trata de uma imobiliária de capitais públicos.
Opinião: "O problema da pobreza" (2)
Mas nada disso aconteceu. Hayek chama a atenção para um facto decisivo: a relação entre o aumento da população e a melhoria das condições de vida. A Inglaterra tinha, em 1801, nove milhões de habitantes; em 1851, tinha já dezoito milhões.
A introdução de máquinas na agricultura aumentou o "stock" de alimentos disponíveis.
Registaram-se, também, grandes progressos na medicina: bactericidas, antibióticos, etc.
Tudo isso é, contudo, uma pequena parte da história.
Ouçamos David Landes: "O aumento considerável da esperança de vida nos dias de hoje deve-se mais às conquistas na área preventiva e à disseminação dos hábitos de higiene...Água limpa e rápida remoção de lixo, aliadas a mais asseio pessoal, marcaram a diferença". A infeccão gastrintestinal era uma das doenças mais perigosas; uma calamidade pública. A falta de papel higiénico e de roupas interiores laváveis favorecia, em épocas recuadas, a contaminação (via contacto com dejectos, etc.).A resposta foi encontrada, explica Landes, "...na inovação industrial. O principal produto da nova tecnologia que conhecemos como a revolução industrial foi o algodão barato e lavável; e, paralelamente, a produção em massa de sabão feito de óleos vegetais.
Pela primeira vez, o homem comum podia dar-se ao luxo de adquirir roupa interior, outrora conhecida como ‘roupa branca', porque era feita de linho, o tecido lavável que as pessoas abastadas usavam junto à pele.
O indivíduo podia lavar-se com sabão...A higiene pessoal mudou tão drasticamente que as pessoas comuns, dos finais do século XIX e início do século XX, viviam em geral com maior asseio do que os reis e rainhas do século anterior". O bem-estar e a Riqueza das Nações cresceram de uma forma admirável. As fomes cíclicas e colectivas desapareceram, pelo menos nos espaços geográficos atingidos pelo fulgor do novo e criativo sistema económico.
Houve um crescimento surpreendente da oferta de alimentos e uma melhoria substancial dos transportes. A riqueza produzida podia circular com facilidade e servir, assim, um maior número de pessoas.
Resultado: uma dieta alimentar mais rica, uma vida mais feliz e saudável; mil necessidades satisfeitas. O rendimento per capita aumentou consideravelmente.
A mudança social foi de tal ordem que, décadas mais tarde, a retórica anticapitalista foi obrigada a dar uma volta de 360 graus. Assim, abandonando, por instantes, a falácia marxista de que "os pobres estão a ficar mais pobres", os intelectuais ressentidos, mestres supremos da arte dialéctica, passaram a criticar a "alienação" que o sistema provoca, ao produzir cidadãos obcecados com o "consumo e o supérfluo". Já não se pode alegar o "empobrecimento das massas"? Critique-se, então, o seu estúpido enriquecimento! É esta a linha dos Marcuses e companhia. O sistema da "liberdade natural" funciona, hoje, em vários continentes, sempre com resultados apreciáveis. Não se ignora o passivo. Mas as suas vantagens compensam largamente os inconvenientes. O capitalismo é o pior sistema económico, exceptuando todos os outros.
Marx, no Manifesto Comunista, imaginou um mundo medieval idílico que nunca existiu. Partindo de um diagnóstico errado, só podia produzir uma terapêutica desastrosa.
O socialismo totalitário, nos sítios infelizes onde se implantou, apenas produziu miséria, opressão e atraso tecnológico.
Cuba e a Venezuela de Chavez são exemplos cintilantes de uma filosofia irrealista (o "ópio dos intelectuais") e contrária à dignidade humana.
A economia de mercado possui, na verdade, como mostrou também o Prof. João César das Neves (http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1138527), um valor ético, que escapou, lamentavelmente, ao catecismo frouxo do "materialismo dialéctico":
"A maior parte das censuras ao actual mecanismo económico nasce de um equívoco: a ignorância da dureza pré-capitalista. As críticas partem da comparação, necessariamente mítica e injusta, daquilo que é com o que devia ser. Assim se perdem de vista os incríveis ganhos que a livre troca e iniciativa trouxeram à humanidade. Os notáveis avanços na saúde e comunicação, conforto e arte, cultura e liberdade, que tantos vêem como direitos, são inseparáveis do capitalismo. Acima de tudo, são incríveis os ganhos na redução da pobreza. A população mundial na situação de carência (menos de 1,25 dólares por dia) caiu de 35% do total para menos de 26% nos últimos dez anos. Isso significou arrancar à miséria 50 milhões de pessoas por ano. Quem fez isto não foi a ajuda ao Terceiro Mundo, a caridade cristã ou a sociedade socialista, mas a entrada na economia de mercado pela globalização".
Em Cabo Verde, o regime totalitário do Partido Único, imposto pelo PAIGC/CV a partir da independência nacional, estabeleceu, com base nos dogmas marxistas, uma mentalidade francamente antieconómica.
A iniciativa privada era combatida fortemente, como sinónimo de "egoísmo" e "exploração do homem pelo homem".
Em virtude de um atavismo incompreensível, Cabo Verde desligou-se do sistema económico internacional, perdendo oportunidades e atrasando-se notoriamente, em termos, sobretudo, de capacidade tecnológica e ideias inovadoras. O investimento estrangeiro era insignificante.
Havia que resguardar a nação da influência maligna do "capital" e dos vilões do Ocidente liberal, segundo as sábias orientações do marxismo-leninismo!
Os manuais escolares estavam recheados dessas tolices ideológicas.
O Estado dominava as indústrias e controlava a economia.Quando a odisseia da I República terminou, em 1991, Cabo Verde tinha uma factura caríssima à sua frente: desemprego elevado e uma taxa de crescimento económico quase nula (cerca de 1%). MpD recebeu um país tecnicamente estagnado.
Após um ambicioso programa de reformas (a começar pelo sistema político, com a aprovação da Constituição de 1992, que instituiu o Estado de Direito e a prioridade ontológica da dignidade humana), Cabo Verde começou a mudar, entrando nos eixos do desenvolvimento e da modernidade.Nos finais da década de 90, os resultados sociais eram claros: um crescimento económico apreciável (cerca de 8%) e um bom Índice de Desenvolvimento Humano (vide os relatórios do PNUD). O desemprego conheceu uma redução bastante acentuada.
Olavo Correia, num recente artigo publicado no Expresso das Ilhas (4/8/2009, p. 8) tem plena razão. O PAICV do Sr. José Maria Pereira Neves, ao privilegiar o Estado em vez das empresas, desenhou uma política económica errada, que não consegue resolver a questão do desemprego, a prioridade cimeira de qualquer Governo responsável.
O falhanço é clamoroso. As metas do Programa da actual Legislatura não foram cumpridas.Quem dá emprego (e inova - novos produtos e serviços) são as empresas. Se não houver um enquadramento institucional que estimule a actividade empresarial e o crescimento económico, o problema manter-se-á praticamente insolúvel.
Os actuais governantes, com toda a sua cantilena dos "ganhos na economia", parecem não perceber a raiz do problema.Olavo aponta, a meu ver, ideias interessantes para sairmos do marasmo. Concordo com quase todas, desde a baixa fiscalidade à aposta num Estado mínimo, promotor das empresas e da criação de mais riqueza.
Vale a pena ler e discutir as suas propostas.O Estado liberal não é um Estado ausente.
Quem defende, em termos de Filosofia Política, a "extinção do Estado" são, que eu saiba, dois grupos bem identificados: os Marxistas e os Anarquistas. Mais ninguém.
Para o pensamento liberal, o Estado é sempre necessário. Garante a Justiça, a ordem pública, protege os mais fracos e disciplina a concorrência e a actividade económica. O Estado é o sustentáculo da res publica e da convivência civilizada.
Adam Smith, em pleno séc. XVIII, defendia a intervenção do Estado com vista à educação das classes mais pobres.
Vale a pena lembrar isto, num país, como o nosso, em que o pensamento totalitário contaminou todo o debate político.
Mas há um ponto que fica em aberto: abrir uma Escola de Negócios, massificar a Internet ou certificar as profissões (providências indiscutivelmente acertadas) fazem parte da "engenharia económica".
Com um simples Decreto, um burocrata dedicado pode criar tudo isso. E a Ética Económica, tão essencial à formação do capitalismo e à "vocação para o desenvolvimento"? Como se cria? Como se mantém? Pelos votos da maioria?
Abordaremos isso num próximo artigo, tentando explorar algumas facetas da nossa Psicologia Colectiva e das relações entre a Economia, a Moral, a Cultura e a Religião.
O tema é difícil e, por isso, não se prometem quaisquer panaceias. Mas é preciso abrir o debate, tocando, aliás, no ponto-chave do desenvolvimento.
Casimiro de Pina
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
EMPOSSADAS COORDENAÇÕES CONCELHIAS DA JpD DO PAÚL E PORTO NOVO
Porto Novo, 25 Agosto-Uma delegação da JpD, composta pelo seu Presidente Miguel Monteiro e pelos vice-presidentes, Carlos Monteiro e Cesar Fortes, deu posse, no ultimo-fim-de semana, às coordenações concelhias do Porto novo e Paul.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
MpD E O FUTURO
A Convenção Nacional que irá escolher os novos dirigentes está marcada para o dia 30 do mesmo mês, a seguir ao conclave dos tambarinas, aprazado para os dias 23, 24 e 25 de Outubro. Outubro será, seguramente, um mês rico em termos de agenda política e de decisões importantes para os dois grandes pilares do sistema político cabo-verdiano.
Num momento em que três personalidades anunciaram a sua vontade em concorrer ao prestigiante cargo de líder da oposição e concomitantemente ao de Primeiro-Ministro, Jorge Santos, actual Presidente do partido, Carlos Veiga ex. Presidente do MpD e antigo Primeiro-Ministro e José Luís Livramento, ex. Ministro da Educação, diga-se, com obra feita nos anos noventa, o cenário aponta no sentido do entendimento necessário a favor da estabilidade institucional e da credibilização do partido junto da sociedade. É que o MpD precisa mostrar aos cabo-verdianos que é hoje, um partido estável, previsível, organizado e preparado para gerir processos eleitorais internos com tranquilidade, constituindo-se em alternativa clara e definitiva ao actual governo, que já vai dando sinais de fim de ciclo. O país precisa de um MpD forte para liderar o processo de mudança em 2011.
O ENTENDIMENTO NECESSSÁRIO
Fui, enquanto dirigente nacional, um dos defensores da disputa interna, enquanto factor de amadurecimento democrático do partido e de confrontação das grandes questões que se colocam ao MpD e aos cabo-verdianos, em tempos de incertezas e ameaças várias, resultado da conjuntura internacional e da complexificação da nossa sociedade. Hoje, confesso que há uma clara evolução do meu posicionamento sobre o processo conducente à IX Convenção Nacional. A leitura que eu faço, com humildade, é que os militantes do partido estão ansiosos e preocupados com uma possível confrontação entre os potenciais candidatos, sobretudo com as suas consequências no plano da coesão e unidade do partido, condição sine qua non para se competir com um adversário experiente e com vontade de consolidar o poder em 2011, missão nada fácil, se ativermos à actual situação socio-económica do país, mormente a incapacidade do Governo em dar respostas à problemática do emprego e do crescimento económico.
Os dirigentes do partido devem poder exprimir nas suas acções e decisões a vontade genuína das bases. O meu sentimento é que elas apelam para um entendimento que garanta a dignidade política e pessoal dos diversos actores do processo e capaz de transformar, definitivamente o MpD num partido coeso, forte e ao serviço dos cabo-verdianos. O actual processo interno exige desprendimento, humildade e entrega à causa pública, porque complexo e singular nos 19 anos de história do partido.
Estou convencido, nesta altura, que a melhor solução para o MpD será aquela que conduza ao entendimento e convergência de posicionamentos. Esta é, efectivamente, a realidade sociológica de um partido com o percurso do MpD, marcado por momentos de desconfiança e de cisões, que resultaram no surgimento de formações políticas, com a história que todos conhecemos. O actual processo interno deve ser, sobretudo, um processo de confiança e aglutinador de todas as vontades e competências de um grande partido como o MpD.
JORGE SANTOS: FIGURA INCONTORNÁVEL
Eleito a 10 de Setembro de 2006, através das primeiras directas no partido e no país, Jorge Santos assume-se hoje, pelo seu estatuto e percurso, como um político incontornável no MpD e em Cabo Verde. Foi, no meu modesto entendimento, um dos principais mentores do municipalismo cabo-verdiano e muito, provavelmente, o melhor autarca do país.
A forma sábia e desprendida como tem gerido o actual processo interno, mormente depois do anúncio de candidatura de Carlos Veiga, revela-nos uma personalidade com sentido do interesse do partido e do país, com grande preocupação com o cumprimento da agenda política e estabilidade institucional do partido.
O Líder do MpD, ao se mostrar aberto ao entendimento e convergência de ideias e projectos com os outros candidatos, mormente com o líder histórico, Carlos Veiga, demonstra generosidade e sentido de serviço público, características raras nos dias de hoje. O que para muitos, mal intencionados poderá significar fraqueza, para os Homens que fazem política com sentimento de serviço ao país e às pessoas simbolizará espírito elevado e magnanimidade.
Tenho por mim que Jorge Santos tem a noção exacta das consequências para a estabilidade do MpD, de uma possível disputa com Carlos Veiga. Sabe-se, que numa eventual confrontação, Santos contaria, seguramente, com o apoio de importantes dirigentes e sectores sociais e políticos e sobretudo, com os milhares de militantes espalhados pelo país e na diáspora, que reconhecem o excelente trabalho de organização e credibilização do partido, a oposição responsável e determinante, mormente em matérias que têm a ver com a transparência na gestão da coisa pública e igualmente, pelo excelente e histórico resultado obtido nas autárquicas de Maio de 2008.
Havendo o entendimento entre os actores do processo, defendo que a Jorge Santos deverá ser garantido espaço de destaque, condizente com o estatuto de um homem público comprometido com a causa da democracia e do país. O percurso feito pelo MpD nos últimos três anos não deve ser interrompido, pelo contrário, salvo correcções úteis e necessárias, ele deve ser consolidado. O momento é da consolidação dos ganhos e da estabilidade institucional do MpD.
CARLOS VEIGA E A RENOVAÇÃO DO MPD
O cenário projectado poderá conduzir Carlos Veiga à chefia do partido e candidato a Primeiro-Ministro nas legislativas de 2011. Quem conhece o MpD sabe, perfeitamente, que Veiga é uma figura com carisma e com grande implantação junto dos dirigentes e das bases. Ignorar esse facto é cometer um erro primário em matéria de sociologia política.
Tendo como argumento político do seu regresso à liderança do partido, a correcção dos erros do passado que levaram o partido à oposição em 2001 e a restituição da confiança dos cabo-verdianos no governo da República, mormente num momento de crise e dos desafios que se colocam ao país e ao mundo, Veiga tem a consciência plena dos riscos e da incompreensão da sua atitude junto de sectores do partido, e sobretudo, da sociedade civil.
Carlos Veiga sabe que não pode repetir os métodos do passado e que a margem de erro é ínfima. As decisões importantes e estratégicas devem basear-se em instrumentos científicos e no bom senso. O segredo estará no aproveitamento das grandes capacidades do partido e da sociedade civil. Só o apoio das bases poderá não chegar para ganhar eleições, mormente para um partido que pretenderá uma maioria absoluta, capaz de lhe garantir a estabilidade governativa.
A meu ver, um dos grandes desafios do futuro Presidente do MpD será, seguramente, garantir a renovação do MpD. O partido precisa apresentar-se perante os cabo-verdianos com novas atitudes e ideias de desenvolvimento e forma de se fazer política, sempre na linha da prestação do serviço público.
Estou convencido que o futuro Líder do MpD saberá integrar todas as “sensibilidades”, caso elas existam, quer nos órgãos do partido, quer nas listas para as legislativas. Felizmente, hoje o MpD tem uma retaguarda de dirigentes que deram um contributo inestimável para a democratização do país e para o seu desenvolvimento, permitindo o lançamento de jovens quadros e personalidades influentes da sociedade civil. O diálogo geracional afigura-se como um imperativo para um partido que quer ir às eleições coeso, pujante e confiante em protagonizar um processo de mudança política em 2011. É uma questão de atitude.
Lourenço Lopes
Cidade da Praia, 20 de Agosto de 2009.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Pensamento do dia
"O problema da pobreza" - 1ª parte.
A economia é, nessa linha, uma disciplina Humanística, centrada na promoção da riqueza e da prosperidade geral. É com esta declaração impressiva que David Landes, professor em Harvard, abre o seu monumental A Riqueza e a Pobreza das Nações (Gradiva, 2002), um livro de leitura obrigatória, sem o qual, como escreveu o scholar Bradford DeLong, no Washington Post, "Não é possível começar sequer a pensar sobre os problemas do desenvolvimento". Objecto de discussão apaixonada nos areópagos internacionais, a pobreza ganhou, sem dúvida, um estatuto de primeira grandeza, dividindo a opinião pública e alimentando clivagens ideológicas.
Bono (o vocalista dos U2) e outras figuras do show business, encavalitados no humanitarismo fácil, atribuíram-na um cunho de espectáculo e protesto emocionado. A pobreza é celebrada e causticada, mas raras vezes merece um exame sereno e informado. Os factos, esses, são muitas vezes desprezados, numa atitude intelectual que impressiona pela ligeireza e vacuidade da análise. Durante milénios, a humanidade viveu sob o peso cruel da indigência e da carestia. A pobreza foi assim, desde tempos imemoriais, a condição normal dos povos e das civilizações.
A pobreza, e não a riqueza, foi, no passado, a fiel companheira da espécie humana. Jean-François Revel recorda-nos, a propósito, numa fórmula precisa, esta verdade incontestável: "Sociedades sem crescimento", resumo da história económica num arco temporal que vai do Neolítico às vésperas da Revolução Industrial. Havia, é certo, pequenos "oásis de prosperidade", mas a condição rotineira das massas (leia-se: da imensa maioria da população, os "condenados da terra", no dizer de Fanon) era paupérrima e degradante. As cidades eram insalubres. Não tinham qualquer sistema de saneamento básico, nem dispunham de iluminação pública. Recolha periódica do lixo? Não havia.
Os campos, círculos de rotina e hábitos ancestrais, na melancolia do pitoresco, vegetavam na mais completa penúria, entregues às vicissitudes da sorte e ao capricho das estações. Reinava o arbítrio da Natureza! As jacqueries (revolta de camponeses) eram frequentes na Europa. Até as famílias mais ricas e aristocráticas viviam num certo desconforto, o qual, nos dias de hoje, seria motivo de incompreensão e riso generalizado. O magnífico Luis XIV (esse mesmo que, do alto do seu poderio, proclamava: "L'État, c'est moi!") não tinha uma simples casa de banho. Os dejectos do palácio real eram despejados nas redondezas, numa operação roll on-roll off pouco civilizada! Não havia papel higiénico em Versailles. As damas de Paris, senhoras de uma elegância quase mítica, não tinham nada parecido com o actual "penso higiénico". Não me perguntem, por favor, como elas faziam, nos momentos de aperto biológico!...
Os salões da "alta sociedade" podiam ser espaços requintados, animados por poetas e músicos talentosos, mas imperava, ainda assim, a escassez de bens e produtos indispensáveis. Não havia, nessa altura, aspirinas para aliviar uma repentina dor de cabeça.
A atmosfera circundante era pobre, mesmo nas maiores metrópoles europeias. Em 1709, a França viveu uma grande fome. Dois milhões de pessoas pereceram. A desordem social acompanhava, normalmente, o movimento do flagelo. E o "bas-fond" da sociedade reflectia, até certo ponto, esse estado de coisas. Victor Hugo captou esse quadro, de forma magistral, num dos seus romances mais famosos: Les Misérables. As casas das classes baixas não possuíam nenhum sinal de conforto.
O recheio circunscrevia-se a uma ou outra peça de mobiliário tosco. Faltavam talheres; não havia estantes, nem sofás. Mesmo na França, o mais rico país europeu até finais do séc. XVIII, as famílias raramente comiam carne. Só as classes abastadas podiam beber cerveja. A esperança média de vida não ia além dos 35 anos. Os membros da família amontoavam-se, não raras vezes, e num caldo de promiscuidade, num mesmíssimo e reduzido aposento. A residência era infestada por insectos e parasitas, foco de várias doenças e incomodidade. As crianças e as mulheres andavam descalças. Vestia-se blusões e calções de sarja. A indumentária era mínima. Uma florescente "indústria" caseira de remendos, profissão predominantemente feminina, foi, durante muito tempo, a solução encontrada para resolver a escassez.
O Inverno, sobretudo nos anos mais frios, era um suplício. A "superfície da existência humana" (Norbert Elias) era, portanto, frágil e miserável, numa sociedade marcada pela estagnação económica - o jogo de soma zero. Quando surgia uma epidemia, a falta geral de condições sanitárias fazia com que a situação ganhasse, numa espécie de efeito multiplicador, a dimensão de uma tragédia. Populações inteiras eram dizimadas.
A Irlanda (hoje uma nação rica e desenvolvida) atravessou períodos de fome catastróficos, o que levou Jonathan Swift, em 1729, a propor receitas jocosas (Modest Proposal) com vista à resolução do magno problema nacional. Tratava-se, evidentemente, de um país atrasado, preso a um sistema económico feudal, ineficiente, tecnologicamente deficitário e pré-capitalista. Hegel, o notável filósofo do Estado e do "fim da história" (tese engenhosa que os ignaros e a intelectuária esquerdista atribuem ao pobre Fukuyama), morreu de cólera, uma doença engendrada pela imundície, quando a cidade de Berlim, onde se encontrava ao tempo, foi fustigada pela horrível moléstia.
Foi a Revolução Industrial que criou o conceito de abundância e resolveu o problema milenar da escassez. Nasce aqui, como resultado da poderosa revolução epistemológica trazida pelo capitalismo liberal, a tal "questão social". Os espíritos mais subtis perceberam que algo inédito estava a acontecer. Era possível vencer a pobreza! Abriu-se um novo campo de estudo e investigação científica. A literatura socialista destaca a longa jornada de trabalho e a exploração infantil nas fábricas do séc. XIX, mas omite, tendenciosamente, a condição social anterior daqueles que procuravam trabalho nas cidades industriais da Inglaterra.
A industrialização, criando uma gama vastíssima de bens e serviços, aliviou grandemente a pobreza, a fome e a carestia generalizada das épocas anteriores. Foi, pois, um progresso extraordinário. Hoje, uma pessoa comum vive com um grau de conforto superior aos monarcas e nobres do séc. XVII. Muitos possuem TV, telemóvel, casa de banho, automóvel, rádio, água canalizada, frigorífico e um conjunto de outras vantagens propiciadas pela tecnologia moderna. O capitalismo (ou "economia de mercado") é, como bem notou Schumpeter, um sistema de "destruição criativa". A electricidade substituiu a lamparina; o telefone tomou o lugar do pombo-correio e do telégrafo; o computador sucedeu à velha máquina-de-escrever - e assim por diante.
Lenine, impressionado pela opulência capitalista, chegou a definir o socialismo deste modo curioso: "electricidade mais sovietes".
Vejam, nos nossos dias, a história do "telemóvel". No início, só uma pequena elite (executivos, políticos, etc.) podia adquirir esse bem raro. Era, então, uma questão de status e símbolo de poder económico. Atender uma chamada no meio da multidão dos have not era o cúmulo da sofisticação - um suspiro mágico e de sedução! Pouco tempo depois, porém, toda a gente já podia adquiri-lo. O seu uso democratizou-se. Há dias, este vosso criado presenciou, em Ribeira do Ilhéu, uma cena tocante: em pleno trabalho agrícola (a sementeira), jovens usavam o telemóvel, conversando, alegremente, com pessoas amigas. Por meio desse aparelho revolucionário, podem trocar "mensagens" e falar com os seus familiares na terra longe. As vantagens, em termos de liberdade e facilidade de contactos, são incalculáveis. Adam Smith estava certo: o sistema capitalista cria um estado de "opulência geral". A concorrência entre empresas, sob regras claras e imparciais (fair-play), gera a inovação e oferece, decerto, benefícios crescentes à população e aos consumidores.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
ESTE GOVERNO NÃO CONSEGUE DIMINUIR DESEMPREGO
Carlos Monteiro pede que a JPAI não atire areia aos olhos dos jovens cabo-verdianos, “uma vez que a realidade é clara e só uma: o desemprego é um flagelo nacional e este governo não está a conseguir diminuí-lo”.
O vice-presidente da JpD justifica esta reacção na sequência de uma conferência de imprensa dada pela JPAI em que os jovens do PAICV defenderam que “foram criados cerca de 22.000 empregos”. Para Monteiro, “o que a JPAI se esqueceu de referir é que no mesmo período foram destruídos cerca de 14.000 empregos e que dos cerca de 8.000 empregos líquidos criados, 98% foram empregos não qualificados”.
Agrava a situação, na óptica de Carlos Monteiro, o facto de “cumulativamente a JPAI omitir que no mesmo período o trabalho infantil passou de 8.000 casos para 16.000 casos, ou seja duplicou”.
JpD indignada com declarações do Ministro da Juventude
Diante desta declaração, a Juventude para a Democracia, JpD, vem em público manifestar a sua "profunda indignação", considerando as afirmações do ministro como sendo "mais uma atitude de profundo desrespeito e desconsideração" para a camada juvenil cabo-verdiana, cuja taxa de desemprego encontra-se acima dos 40%, "sem falar em milhares de empregos precários e desqualificados que naturalmente elevaria a cifra para a casa dos 50%.Ou seja, em cada 2 jovens nacionais, um não trabalha", afirma.
A JpD solicita ao ministro Sidónio Monteiro uma explicação indicando "onde estão estes empregos" e, igualmente, sugere que disponibilize um número telefónico do seu Ministério para que possam ter mais informações acerca destes empregos.
Por outro lado, em reacção à situação relatada pela JpD relativamente ao desemprego, "a Jpai deu uma conferência de imprensa, referindo que foram criados cerca de 22.000 empregos. O que a Jpai ‘esqueceu-se' de referir, é que no mesmo período foram destruídos cerca de 14.000 empregos, e que dos cerca de 8.000 empregos líquidos criados, 98% foram empregos não qualificados. Cumulativamente a Jpai, omitiu que no mesmo período o trabalho infantil passou de 8.000 casos para 16.000 casos, ou seja duplicou".
Por isso, a JpD pede que não seja "atirada areia aos olhos da sociedade, uma vez que a realidade é clara e só uma - O desemprego é um flagelo nacional, e este governo não está a conseguir diminui-lo".
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
GOVERNO NÃO CUMPRE AS 10 PRIORIDADES PARA A JUVENTUDE DECRETADAS PELA ONU
Praia, 12 Agosto-“Encorajamento pelas dificuldades em encontrar trabalho, encorajamento pela dificuldade em obter bolsas de estudo, encorajamento pelo desacompanhamento social, encorajamento pela dificuldade em obter financiamento bancário, encorajamento pela dificuldade em obter uma habitação condigna, encorajamento para ser mais empreendedor, enfim ser capaz de ser independente deste governo, que não apoia, que não traduz qualquer esperança e muitas vezes dificulta o sucesso dos jovens”,palavras de alento do presidente da juventude para a democracia, Miguel Monteiro, endereçadas, hoje, aos jovens Cabo-verdianos, num dia em que se comemora o dia internacional da juventude.
Miguel Monteiro que se regozija com a efeméride, valeu da conferência de imprensa, dada, esta manhã, na cidade da Praia, para responsabilizar o governo pela violação das dez prioridades para a juventude, decretadas pela ONU: educação, emprego, fome e pobreza, saúde, ambiente, toxicodependência, delinquência juvenil, ocupação de tempos livres, juventude do sexo feminino, e completa e efectiva participação da juventude nas tomadas de decisão e na vida social
Para Monteiro, apesar do caminho já percorrido desde a independência, muitas são as dificuldades que os jovens Cabo-verdianos, ainda, encontram, e que vêm a agravar-se nos últimos anos. Exemplos disso, apontou ele, são, entre outros, as dificuldade em continuar os estudos universitários por carências económicas, a taxa de desemprego para a juventude na ordem dos 40%; o aumento da delinquência juvenil que prolifera nos principais centros populacionais e a carência de espaços para ocupação de tempos livres.
Na óptica do cabeça da juventude para a democracia, “esta situação é uma clara consequência do abandono e inércia que este governo nos vem habituando, sem a prossecução de uma política integradora e motivadora da juventude”.Aliás fala-se em “mundo novo”, em “casa para todos”, em “soldado cidadão”, mas o que a sociedade percepciona é que o país tem um governo sem rumo, sem ideias, e principalmente virado para a demagogia e propaganda, sem qualquer competência para a resolução dos problemas da juventude.
A JpD que se assume como parceira inseparável, na defesa intransigente dos deveres e direitos dos jovens advoga uma maior e efectiva participação da franja, no processo de desenvolvimento do arquipélago. Segundo Miguel Monteiro “o que nós precisamos é de mais emprego, mais e melhor formação, maior acesso ao crédito a juros bonificados, mais atenção para os jovens marginalizados, habitação condigna e acessível a todos, maior apoio cultural e desportivo, maior apoio aos jovens empresários”.
Governo continua sem “ política integradora e motivadora da juventude” – JpD
Miguel Monteiro, presidente da JpD, que falava em conferência de imprensa, aponta o desemprego como o principal problema da juventude cabo-verdiana, que aumentou para 40 por cento. Diante desse dado "não podemos aceitar que o Governo continue a ter uma atitude passiva", anotou.
O dirigente da JpD considera que não será através do Governo que vai-se empregar esses milhares de jovens, mas sim "através das nossas empresas que conseguiremos melhorar o problema". No entanto, é preciso haver, da parte do Governo, medidas como diminuição da taxa fiscal, incentivos fiscais às empresas que concederem o primeiro emprego aos jovens, dar melhor condições às pessoas que pretendam iniciar o seu primeiro negócio, como taxas de juros mais bonificadas, entre outras medidas, de acordo com o nosso interlocutor.
Por outro lado, Miguel Monteiro identifica outros problemas enfrentados pela juventude cabo-verdiana e que carecem de resoluções: dificuldades em encontrar emprego e bolsas de estudo, pelo desacompanhamento social, dificuldades em obter financiamento bancário e em obter uma habitação condigna, ser mais empreendedor, "enfim, ser capas de ser independente deste governo, que não apoia, não traduz qualquer esperança e muitas vezes dificulta o sucesso dos jovens".
Por outro lado, as dificuldades enfrentadas pela juventude em continuar os estudos universitários derivado de carências económicas e o aumento da delinquência juvenil nos centros populacionais e a carência de espaços para ocupação de tempos livres, também são consequências desse "abandono e inércia" do governo.
Miguel Monteiro reafirma que o Governo continua sem " politica integradora e motivadora da juventude".
Os programas "Mundo Novo", "Casa para Todos" e "Soldado cidadão", no entender da Juventude do MpD são programas "com nomes bonitos" e que na prática "não passam a sociedade percepciona é que temos um Governo sem rumo, sem ideias e, principalmente, virado para a demagogia e propaganda, sem qualquer competência para resolução dos problemas da nossa juventude", afirma Miguel Monteiro.
HF, Expresso das Ilhas